domingo, 17 de abril de 2011

Tem máquina vaga aí?

15 anos trabalhando numa lan house. É o paraíso para todo nerd: Máquinas para arrumar, programas para trabalhar, crianças para aturar, perguntas idiotas para escutar, xingamentos para segurar, salário bom pra se aceitar e 7 dias da semana para trabalhar. Mas tem uma internet potente para baixar coisas, mídias virgens para gravar algo e uma impressora sempre a disposição. Nem sempre, mas salva.

Os primeiros dias são sempre tensos. Se acostumando com tudo e com todos, tem que ter muita paciência pra aguentar. Uma vez quando a luz piscou na cidade, todos os computadores desligaram. Quando a luz voltou, todos tinham que esperar eu ligar o PC do servidor para assim modificar um IP para jogar a rede de internet para todos os computadores. Todo mundo entendeu, menos um garotinho. Ele era um neymar obeso bem pequeno com óculos Harry Potter, era uma bola 7 com moicano e óculos! Fora a água do ralo do banheiro que voltou do ralo e eu pedi para ninguém entrar no banheiro, pois estava em condições precárias. E eu o tinha avisado o tal bola 7 que não era para ligar o tal computador de usuário umas duas vezes, nem para entrar no banheiro. Quando eu vi a mãozinha dele indo ligar o PC, eu soltei o berro: NÃO LIGA O COMPUTADOR, PORRA! Risos da lan house inteira, ele espera o computador iniciar, usa seu tempo todo e vai embora. Como a lan house estava vazia, sentei no computador que fica à frente do balcão para poder jogar Left 4 Dead 2 com todo mundo. Eis que chega uma mulher e fica em pé, do lado do balcão. Brincando com a galera, falo:
- Trabalhar agora, né...Me cobre ae!
A moça olha pra mim e pergunta:
- Você que é o responsável daqui?
Eu: - Por enquanto.
- Você que é o palhaço que gosta de gritar com criança?
- Depende.
- É que meu filho chegou lá em casa falando que você gritou com ele, que ele ficou com maior cara de tacho na frente de todo mundo, que você falou que não era pra ele pisar no banheiro senão você ia encher ele de porrada e tudo mais. Vim aqui tirar satisfações
- Olha só, moça. Eu tive problemas aqui na lan house com a água do ralo que voltou e com a piscada de luz nos computadores. A respeito da água do ralo, eu avisei para todo mundo, não para um por um. E eu não ameacei seu filho de bater nele nem nada. A respeito do computador, sim. Gritei com ele porque tinha repetido várias vezes que não era pra ligar e ele ligou do mesmo jeito.
- Falava com ele mais uma vez, oras.
- Você fala com seu filho mais de 3 vezes? - O silêncio prevalece. - Enfim, de qualquer forma, peço desculpas tanto por você quanto por ele e que isso não vai se repetir.
O garoto nunca mais foi visto na cidade depois que chutou o avô dele.

Além disso tem a clássica pergunta: Tem máquina vaga aí? Eu seguro pra não falar nada às vezes, pois a pessoa quando entra na lan house e vai até o balcão, passa por todas as 15 máquinas da lan house, pra chegar no balcão e perguntar se tem máquina disponível. Às vezes dou um desconto, quando é uma ou duas máquinas vagas que foram ocupadas por crianças que tentam a sorte digitando qualquer login e senha ou ocupam a cadeira para espiar o computador do garoto ao lado. Agora, quando são 10 máquinas livres eu faço o seguinte: Fez a pergunta, eu só estico a cabeça para olhar ao redor e fico contando com o dedo até a pessoa perceber e falar: NOSSA! Nem reparei. Bota uma hora aí pra mim. (2, abre gaveta, dá o troco, bota o tempo).

Mas, apesar de todos os menores GTA com as folhas de macete, os folgados que jogam a responsabilidade de um trabalho escolar em cima de nós, os vários serial keys de CS que são digitados frequentemente (5zwpe - 8iils - vx4ir - cz5ga - msntb), pessoas que falam alto por causa do fone de ouvido ou nem escutam nada, trabalhar numa lan house não é nada ruim. Eu pelo menos amo o meu trabalho.

That's all, folks! Até a próxima!

sábado, 16 de abril de 2011

A vida em R$12 de créditos


3...2...1...AEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! COLE GALINHADA! PORTEIRA ABERTA E BLOG NO AR!

Para o primeiro post, uma coisa que aconteceu comigo hoje mesmo. Lá estava eu nos meus sábados penosos de curso de inglês em Volta Redonda. Ergui-me da cama 5 da manhã aos tapas porque não consigo levantar logo de cara, peguei aquele pequenino ônibus azul da prefeitura desse fim de mundo e fui parar em Volta Redonda para o meu curso de inglês. No curso até as 10:45, parti para o ponto de ônibus e fui esperar o ônibus de luxo, o top de linha, a melhor viação de todos os tempos...o VAB.
Quem é de Santa Rita de Jacutinga (ou já se aventurou em terras longínquas) provavelmente já passou por essa pérola da cidade. São ônibus simpáticos por fora (Branco encardido e verde com um puta VAB 3D style na lataria), um conforto só por dentro. Marcado em nossas mentes por acontecer as coisas mais absurdas do mundo nele. É aquela matemática básica: Pisou dentro dele e achou um lugar sem ser tocado pelos malditos adiantados que compram passagem atrasada, reze para não quebrar e/ou atolar (sim, às vezes vem o Combo numa viagem só). Nos tempos de Maninho e estrada de chão quando o VAB atolava, os sacudos à bordo tinham que descer e ajudar a empurrar o busão pra podermos prosseguir viagem. Homens de todas as caras, de todos os jeitos. A maioria gente humilde da roça com os cambitos de braço fazendo aquela força que brotava de suas entranhas para empurrar o nosso único meio de transporte até os destinos obscuros. Depois de tirar o VAB da lama, entrávamos no ônibus e íamos que íamos na estrada afora. Isso quando a viagem ia tranquila e chegava um fazendeiro com um simpático parente meu de cabeça pra baixo dentro de um saco de farelo, deposto embaixo do meu banco (O qual sismava de ciscar no meu tornozelo!).
A VAB também tem os ônibus numerados, que mostram a personalidade de cada veículo (?). O VAB 100 é o mais antigo, todo redondinho. VAB 600 é o ônibus que tem furo no teto pra chover dentro do ônibus e furo no assoalho pra escorrer a água da chuva, e por aí vai.
Sabendo um pouco da etimologia do VAB, nele eu entrei pra voltar pra minha pacata cidade. Já entro com sorte! Depois de me tocarem de 4 lugares diferentes, sobrou uma cadeira do corredor (Qual o preconceito com cadeiras no corredor?), cadeira a qual tinha uma menina muito gata na janela. Lá foi eu sentar do lado com um sorriso de crista a crista. Tempos depois, encontro com o Maurício! Saudoso Maurício! Dentista conhecido, super gente boa e pé-de-cana de carteirinha! Ele, observador demais, comentou comigo:
- Olha só aquela mulher com o celular ali atrás de mim. Tá falando a vida toda dela no celular.
E realmente! Ela estava pendurada naquele celular desde quando eu embarquei no ponto grafitado! Comentei aos risos com o Maurício:
- É a vida dela em 12 reais de crédito! - Risada geral.
Com muito papo, chegou o cobrador para cobrar nossa passagem. Maurício me puxa uma onça pra pagar 12 reais de passagem! Com muito custo, ele aceitou a minha contribuição de 2 reais, para facilitar o troco. E as palavras do cobrador foram:
- Beleza então. Tenho que devolver 40 reais pra você, Maurício, e 15 centavos pra você, Johnny.
Beleza! Segui viagem. Acabei cochilando. Acordo na tradicional parada do VAB para o povo todo matar a fome que chega dando voadora quando se viaja com aquele ônibus. Maurício me devolve os 2 reais e prossigo viagem. Desembarcando na rodoviária, despeço de todos, desço do ônibus e, NÃO FUI COBRADO DA MINHA PASSAGEM! É o paraíso isso: Entrar no VAB, encontrar um grande amigo pra puxar um papo, ao lado de uma gostosa, o ônibus não quebrar e ainda não pagar passagem é o paraíso pra qualquer um! Fui eu feliz pra casa com várias risadas e pulinhos, guardando tudo na cabeça pra postar aqui.

Sim, eu escrevi muita coisa que, se você tiver fôlego pra ler, provavelmente vai gostar da história.

That's all, folks! Até a próxima história

quarta-feira, 30 de março de 2011

Em breve...

Guarda seu lugar na fila porque, em breve, o blog Contos Galináceos vai entrar no ar com a história de vida de mim, Johnny Campos, ou ManoGalo :D